SINOPSE
E se nossas estratégias para preservar a natureza se tornassem veículos de injustiça social? Nos países em desenvolvimento, é comum que as áreas de maior valor natural abriguem, ou mesmo que sejam produto de culturas tradicionais e das vidas de populações locais. Por isso, nestes lugares, com frequência, a criação de unidades de conservação gera resistência e cria conflitos com estas populações. Quando a Ecologia Chegou aborda este problema delicado em duas áreas de preservação brasileiras, tentando mostrar caminhos para conciliar conservação da natureza e desenvolvimento.
Direção, Roteiro e Fotografia: Pedro Novaes
Produção: Paulo Paiva e Yuri Vieira
Som direto: Paulo Paiva e Yuri Vieira
Edição: Aline Nóbrega
Trilha Sonora: Olavo Telles, Luiz Fernando Climaco e Mamulengo Fâmulos de Bonifrates
Quando a Ecologia Chegou foi meu segundo documentário – o primeiro sendo “Os Vizinhos da Chapada”, que é quase um ensaio para ele, feito sobre parte do material gravado para Quando a Ecologia Chegou. É uma tentativa de abrir para um público mais amplo uma realidade e certas reflexões que, de certa forma, levaram a meu distanciamento do trabalho com meio ambiente. Ao mesmo tempo, é um elo entre estes dois lados da minha vida profissional: meio ambiente, de um lado, cinema e vídeo, de outro. O filme aborda e critica – hoje acho que de forma leve demais – certo paradigma da proteção ao meio ambiente, isto é, a idéia de que a preservação de áreas valiosas do ponto de vista ambiental depende de que sejam mantidas intocadas, sem a presença do ser humano. Esta crítica não é nova, nem tampouco exclusividade minha. Muitos acadêmicos e ambientalistas que não vivem encerrados em gabinetes a compartilham. É muito conhecido o trabalho, nesta direção, do Prof. Antonio Carlos Diegues, da USP – um dos entrevistados do doc -, sobretudo em seu livro seminal, o “O Mito Moderno da Natureza Intocada”. Quem paga o preço desta conservação ortodoxa e antiquada são inúmeras populações locais, cujos modos de vida em geral não afetam substancialmente os ecossistemas que se deseja conservar, ao verem suas atividades econômicas seriamente restringidas. Par e passo, estas comunidades, que poderiam ser os maiores aliados da conservação, tornam-se inimigas dela.
Como trabalho de um diretor então iniciante, o filme deve ser visto com parcimônia e devidamente contextualizado. Faz parte de um momento de aprendizagem e apuramento da linguagem e de minha maneira de trabalhar, trazendo por isso alguns problemas formais. Não obstante, tem vários méritos e é resultado de um amplo esforço de pesquisa e de gravações. Realizá-lo não teria sido possível sem a colaboração e parceria de inúmeros amigos e das próprias pessoas e instituições retratadas.
Ainda sobre este tema, sugiro a leitura do meu texto “O Dia em que a democracia derrotou o MST”, no post acima, em que relato acontecimentos quando do lançamento do filme em Guaraqueçaba, no litoral do Paraná, uma das locações do Quando a Ecologia Chegou.
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Pingback: O Dia em que a democracia derrotou o MST « Filmes do Pedro - 10/02/2010